Não se trata de abordar, exclusivamente, a (ainda inacabada) guerra entre Israel e Palestina, contudo, o evento é capaz de espraiar mais lucidez sobre a mesa das reflexões.
Um conflito armado, independente das proporções que atinja é, em geral, alvo de comovida lamentação. Os prejuízos materiais e, principalmente, o número de mortos e/ou feridos justificam tal sentimento, sem dificuldade. Mas, vamos nos concentrar nos dois últimos e identificar uma distinção relevante entre eles. Para isso, utilizaremos os adjetivos "objetivo" e "subjetivo" como suportes, donde a subjetividade servirá para designar "imprecisão" ou "desorientação". E, esclarecidos os objetivos ontológicos, podemos seguir adiante.
Observada tal circunstância - qual seja a de uma guerra franca - o óbito figura como o pior dos prejuízos. É inquestionável, [acredita-se]. Certamente, não há mensura para a dor de perder um marido, um filho, uma esposa amada. O que dizer quando se vão mais de um desses entes tão queridos, pessoas que se tornam essenciais ao nosso bem-viver? Afinal, nas mais das vezes, os adultos são responsáveis pela edificação e manutenção do lar, seja moral, materialmente ou de qualquer outra forma. E os filhos? Sejam infantes ou já maduros, jamais deixam de ser objeto de admiração e alegria para os pais.
Entretanto, a morte possui a objetividade de surpreender de forma aguda, não deixando opções para quem fica. É o espaço de domínio do inexorável: aquele que se foi não mais regressará. E ponto.
Diferentemente, a ordinária deficiência de informações (detalhes) à respeito dos feridos oferece condições para a produção da matéria subjetiva. Não é difícil entender, vide a dificuldade de se saber se os indivíduos foram leve ou duramente comprometidos pelos ferimentos. O resultado disso será a tendência de minimização dos danos ou insensibilidade – o que soa como algo bastante compreensível – uma vez que imaginar todos os casos como sendo de extrema gravidade seria histeria ou desonestidade.
Mas, é de fato a morte o maior dos males, nesses casos?
No romance “Jhonny vai à guerra” Dalton Trumbo narra a história de um jovem soldado que é ferido
Conforme já dito, o sentimento humanitário nos faz lamentar ocorrências desse gênero por dias, meses, anos até, enquanto durarem os conflitos. E quando se vira aquela página da história, quando cessam os gritos das armas, aliviamos os corações e seguimos nossas vidas
6 comenta aí, amizade!:
Eis o tão esperado texto.
Muito FODA Fabiano, ou como vc mesmo diria, DO CARALHO.
Estava ansioso, para lê-lo!
Grande abraço!!!
é véio... tudo vira número, estatística... e ainda assim um número errado, impreciso.... tentar colocar-se um segundo só nessa situação dói, incomoda...
ótimo texto! Abs véio!
Marido, o texto está maravilhoso!
Todo ele muito bem encadeado, e firmado numa reflexão que, assentada sobre uma sensibilidade ímpar, revela muito de ti - indicando-nos os teus níveis de observação e crítica da sociedade.
Sabemos, nós - os que te conhecemos pessoalmente -, que você não está no mundo a passeio. E este texto só faz corroborar essa opinião, que não é só minha.
Sinto-me privilegiada; afinal, antes mesmo desse texto existir aqui, estávamos nós, à mesa da sua sala, conversando sobre esse tema, acompanhados de café e suquinho de luz, respectivamente.
Em tempo: "[...] o evento é capaz de espraiar mais lucidez sobre a mesa das reflexões." foi magistral!
Beijo grande!
Queridos,
Dado o refinamento crítico de todos vocês, começo agora a crer que consegui fazer algo original.
Minhas apologias e gratidão infinda à todos.
Fabiano sendo extremamente sincero, irei aconselhar o pessoal do O globo a te convidar para publicar esse artigo na coluna "Opinião". O que acha?
Realmente ele esta muito, mas muito bom mesmo meu amigo!
Sim meu querido amigo,
esta realidade nefasta da guerra em nome de um "deus" (tenha o nome que tiver) mostra a face obsoleta e irrelevante das religiões, em grande medida. Que ao invés de levar á humanização integral, gera desumanização plena diante de realidades absolutamente patéticas.
A tradição judaico-cristã chama essa dimensão do mal,de mistério da iniqüidade, em face de tamanha manifestação do lado mais obscuro do humano. O que vc muito bem denominou de indizível. Bom texto.
Um grande abç do teu irmão,
Rodrigo.
Postar um comentário