
quarta-feira, 13 de maio de 2009
terça-feira, 12 de maio de 2009
Eu vou!

PROGRAMAÇÃO DIA 16 DE MAIO
Plágio abençoado!!!!
Humildade, de Mauricio Bahia
A humildade é uma coisa boa.
Parece uma coisa à toa.
Pequena e imensa.
Infinitamente densa.
Explode no caos.
Revela-se num gesto.
No encanto.
Recatada e breve.
Simples palavra.
Retumbante.
Ação.
Pode calar um trovão.
Transformar diamantes.
Em mirra, incenso e pão.
Desafia qualquer labuta.
Em silêncio se basta.
Descalça, desnuda.
Sem palavras.
Revela milagres.
Nem sim, nem não.
Deslumbrante.
Doação.
Poema extraído do blog do Maurício Bahia, gente finíssima.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Indo ao Correio em Paris(*) - Affonso Romano de Sant'Anna
Já havia entrado numa fila equivocadamente e de lá me tirou uma funcionária quando percebeu que eu queria simplesmente postar três livros. Tirou-me da fila, mas com aquela pressa e superioridade francesa murmurou umas coisas que não dava para entender, porque não era questão de língua, é que era uma informação nova que eu não podia absorver assim sem mais nem menos. Na verdade, eu teria que fazer umas operações simples, simples para quem sabe, impossíveis para quem não sabe. Quando a funcionária me disse solipsisticamente o que fazer, eu brasileiramente lhe ponderei: -"Mas vou ter que antes fazer doutoramento na Sorbone, sou apenas um turista e acabei de chegar, veja, "sou apenas um rapaz latino-americano", como cantava o Belchior.
A funcionária me olhou com evidente superioridade. Eu era aquilo que Montesquieu, num livro do antigo ginásio chamava de : " um persa em Paris", um estranho no ninho. Acho que foi aí que Helena Faissol ouviu o meu clamor de subdesenvolvido e estendeu-me o sorriso, a mão e aquela frase salvadora.
Na verdade (dei-me conta), teria que executar a seguinte operação: ir a um balcão, no qual não havia atendente, apenas uma fila de pessoas e mesa computadorizada com uma balança em cima. Teria que ter intimidade suficiente com aquele móvel para botar os livros um por um na balança, apertar uns botões que eu teria que descobrir onde estavam, fazendo, é claro, distinção sobre correspondência para a França e para o exterior; a seguir, como se soubesse tudo o que aquela máquina é capaz de fazer em substituição a um ser humano, retirar os selos de um de seus buraquinhos, colá-los no envelope e pagar. Mas pagar como? Simples, para quem sabe: eu teria que ter o número exato de moedas necessárias, (coisa de advinho e profeta) ou então meter ali o cartão de crédito e começar a ter com a máquina um diálogo pós-industrial.
Como se vê, escrever crônicas tem alguma utilidade. Elas não mudam o mundo, mas podem nos ajudar até a postar correspondência no exterior.
(*)-Estado de Minas/Correio Braziliense-12.01.09
Este vômito burguês é mais uma postagem da série a série: Susanna faz free lance no "Banalidades".
domingo, 10 de maio de 2009
O debate sobre o PIB: "estamos fazendo a conta errrada"

sexta-feira, 8 de maio de 2009
Cada um de volta ao seu quadrado: Uma previsão desalentadora

Neste período haverá resistência e haverá conflitos sociais agudos, e se a crise se prolongar, deverão se multiplicar as rebeliões sociais e as guerras civis nas zonas de fratura do sistema mundial, e é provável que algumas destas rebeliões voltem a se colocar objetivos socialistas. Mas do nosso ponto de vista, não haverá uma mudança de modo de produção em escala mundial, nem tampouco ocorrerá uma superação hegeliana do sistema inter-estatal capitalista. A análise é de José Luís Fiori. Leia mais...
A Coisa pública e a privada, de Affonso Romano de Sant'Anna *
(REPUBLICA - vem do latim "res"= coisa + publica)
Entre a coisa pública
e a privada
achou-se a República
assentada.
Uns queriam privar
da coisa pública
outros queriam provar
da privada,
conquanto, é claro,
que, na provação,
a privada, publicamente
parecesse perfumada.
Dessa luta intestina
entre a gula pública e a privada
a República
acabou desarranjada
e já ninguém sabia
quando era a empresa pública
privada pública
ou
pública privada.
Assim ia a rês pública: avacalhada
uma rês pública: charqueada
uma rês pública, publicamente
corneada, que por mais
que lhe batessem na cangalha
mais vivia escangalhada.
Qual o jeito?
Submetê-la a um jejum?
Ou dar purgante à esganada
que embora a prisão de ventre
tinha a pança inflacionada?
O que fazer?
Privatizar a privada
onde estão todos
publicamente assentados?
Ou publicar, de uma penada,
que a coisa pública
se deixar de ser privada
pode ser recuperada?
-Sim, é preciso sanear,
desinfectar a coisa pública,
limpar a verba malversada,
dar descarga na privada.
Enfim, acabar com a alquimia
de empresas públicas-privadas
que querem ver suas fezes
em ouro alheio transformadas.
* Gentilmente enviado por nossa correspondente Susanna Lima sob o patrocínio do Frigorífico Brasil: porque o nosso cachorro é amarrado com linguiça!
quinta-feira, 7 de maio de 2009
O vírus da estação
Por Sidney Andrade
E se restava ainda alguma dúvida de que o mundo está doente, eis os porquinhos de agora pra nos provar que nem só de pão viverá o homem, mas de todo bacon que ele conseguir descontaminar. Eu tento, mas não consigo não ser sarcástico, suspeito que numa época de modismos exacerbados, até as epidemias têm tendência. Se antes a preocupação vinha do ambiente, assim meio que como uma caixinha de surpresa saltava da água suja uma cólera, depois uma picadinha de mosquito e lá vinha a dengue, enfim, moléstias de “por onde andei”, a moda do século vinte e um é vírus mutante em pele de animal.
E quem não se lembra que um tempinho atrás eram as aves as protagonistas? Como toda boa modinha, autodestrutiva, era o cúmulo do paradoxo: canja, o melhor remédio pra toda gripe, nem pensar! Esse negócio de fama é mesmo muito fugaz, mal deu tempo e já as penas estão ultrapassadas. O porco é o novo frango. Rosa é a cor da estação.
Mas ainda há um mínimo de consciência ambiental! Porque o contágio da gripe suína não se dá através dos porcos. A transmissão é feita de pessoa pra pessoa, e seguindo a linha politicamente correta que é também tendência do século, resolveu-se rebatizar a doença, para que os porquinhos não sejam sacrificados inocentemente, feito as bruxas da inquisição. O nome agora é Gripe A H1N1. O vírus evoluiu dos bichos e é passado adiante feito a boa e velha gripe do tempo da vovó. Mesmo assim, ainda não confio muito: e como foi que a primeira pessoa se contaminou? Talvez um fazendeiro muito apegado que costumasse dar beijinhos de bom-dia nos seus bichinhos.
Desconfianças à parte, um eufemismo é sempre mais atraente. Termos científicos chegaram com tudo nesse começo de século. E essa coisa de misturar números com letras dá um tom mais solene ao problema, a gravidade parece que aumenta: feito mãe zangada que chama o filho pelo nome completo pra ele perceber a encrenca em que se meteu.
É fato: a paranóia reina. Tanto que, agora, qualquer espirrozinho estremece o mundo. Mesmo os jornais repetindo incansavelmente – e eu já exausto de escutar – que a doença ainda não deu sinais no Brasil (ai, ai, até nesse ponto as novas tendências chegam por último aqui), não pude evitar de cogitar a possibilidade: mamãe ficou resfriada essa semana.
E lá vou eu investigar, temeroso, todas as implicações da doença. O que só serviu pra aumentar minha aflição. Os sintomas são quase os mesmos da démodé gripe do frango, que, por sua vez, não diferiam muito – ao meu olhar de leigo, claro – dos da gripe pré-histórica banal. Uma febre, tosse, nariz escorrendo, dores de cabeça e no corpo: pronto, mamãe, com complexo de Elvira Pagã (primeira brasileira a usar biquíni, nas praias de Copacabana), ousada, vai ser pioneira no Brasil. No fim, foi apenas um dia de resfriado.
E, mesmo assim, ainda não sosseguei. Hoje mesmo tive uma dor de cabeça mais aguda e uma indisposição. Quem riria de mim se eu dissesse que já pensei na desgraçada da A H1N1? O alarde, ao invés de acalmar, parece provocar um tal placebo às avessas.
Bem, teve o mal da vaca louca, depois as aves, agora os porcos. Será que peixe também fica gripado?
Texto diligentemente garimpado por nossa fiel correspondente-escudeiraSusanna Fernandes Lima em mais uma de suas investigações intenéticas.